quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Poema para Galileu


(...)Eu queria agradecer-te, Galileo,

a inteligência das coisas que me deste.

Eu,

e quantos milhões de homens como eu

a quem tu esclareceste,

ia jurar - que disparate Galileo!

- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça

sem a menor hesitação

- que os corpos caem tanto mais depressa

quanto mais pesados são.


Pois não é evidente, Galileo?

Quem acredita que um penedo caia

com a mesma rapidez que um botão de camisa

ou que um seixo na praia?

Esta era a inteligência que Deus nos deu.

(...)Por isso estoicamente, mansamente,

resistente a todas as torturas,

a todas as angústias, a todos os contratempos

enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,

foram caindo,

caindo,

caindo,

caindo,

caindo sempre,

e sempre,

ininterruptamente,

na razão directa dos quadrados dos tempos.
(António Gedeão)

Poema de António Gedeão - Máquina do Mundo

Máquina do Mundo
O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto é matéria.

Daí, que este arrepio, este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,esta fresta de nada aberta no vazio,deve ser um intervalo.
(António Gedeão)

domingo, 6 de setembro de 2009

Rómulo de Carvalho



Rómulo de Carvalho(1906 - 1997)
Rómulo Vasco da Gama de Carvalho nasceu em Lisboa em 1906 e licenciou-se em Ciências Físico-Químicas pela universidade do Porto em 1931. Foi professor, pedagogo, cientista e investigador de História das ciências.
Publicou diversos livros de divulgação científica, assim como livros escolares especializados, nomeadamente na área da matemática.
Mas para além de homem da ciência, Rómulo de Carvalho é um grande poeta. Sob o pseudónimo de António Gedeão enriqueceu de forma decisiva a literatura portuguesa do século XX. Gedeão é autor de inúmeros belos poemas, “A Pedra Filosofal” ou “Lágrima de Preta” são dois exemplos bem conhecidos. Estes e outros mostram uma originalidade indiscutível e um génio poético impar!
O autor incorpora na sua poesia uma cultura científica actual numa mistura de meios de expressão tradicionais, e deixa ao mesmo tempo transparecer uma clara visão do mundo moderno. António Gedeão morreu em 19 de Fevereiro de 1997, meses antes de ter sido homenageado pelo Ministério de Ciência e de Tecnologia.
Rómulo de Carvalho ou António Gedeão, um cientista e um grande poeta português. Este nosso exemplo, mostra bem como a ciência e a arte têm uma fronteira ténue!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

"Não se pode ensinar tudo a um Homem, apenas ajudá-lo a procurar por si mesmo"
Galileu Galilei