quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Poema para Galileu


(...)Eu queria agradecer-te, Galileo,

a inteligência das coisas que me deste.

Eu,

e quantos milhões de homens como eu

a quem tu esclareceste,

ia jurar - que disparate Galileo!

- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça

sem a menor hesitação

- que os corpos caem tanto mais depressa

quanto mais pesados são.


Pois não é evidente, Galileo?

Quem acredita que um penedo caia

com a mesma rapidez que um botão de camisa

ou que um seixo na praia?

Esta era a inteligência que Deus nos deu.

(...)Por isso estoicamente, mansamente,

resistente a todas as torturas,

a todas as angústias, a todos os contratempos

enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,

foram caindo,

caindo,

caindo,

caindo,

caindo sempre,

e sempre,

ininterruptamente,

na razão directa dos quadrados dos tempos.
(António Gedeão)

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